Luiz Ayrton Santos Júnior
(Mastologista)
O sutiã é um importante instrumento e vestimenta para a saúde da mama. Deve ser sempre um hábito a mulher usar um sutiã principalmente em práticas de exercícios físicos e práticas esportivas de uma maneira geral. Muitas mulheres, entretanto, tem o hábito de não trocar o sutiã diariamente. O sutiã ao longo do dia acumula suor e deve ser trocado diariamente. As mulheres que não trocam repousam o sutiã de um dia para outro e eles podem acumular bactérias. Sutiãs com bojo muito quente podem fazer a pele da mama suar mais. Muitas infecções de pele da mama são causadas pelos sutiãs mal colocados. Alguns produtos usados na fabricação de sutiãs também podem adoecer a pele das mamas. Algumas manchas ocorrem pelo contato do suor com a tinta usada na fabricação dos sutiãs. Para isso aconselhamos sutiãs brancos (que também podem conter tintas) e feitos de algodão.
Salientamos também que sutiãs com ferros podem provocar dores nas mamas principalmente em mulheres que tem um cordão de gordura doloroso localizado geralmente na base da mama. O tamanho do sutiã adequado é aquele que acomoda a mama naturalmente sem frouxidão ou apertos.
O intervalo de tempo entre uma mamografia deverá sempre ser feita pelo medico da paciente, preferencialmente seu mastologista. Muitas mulheres podem permanecer mais de um ano sem fazer mamografias, principalmente àquelas mulheres de baixo risco com mamas mais gordurosas (liposubstituídas). Quando se estabelece que um ano é o prazo para realizar uma mamografia isso serve para mulheres em rastreamento (screening) num programa continuado de observações sobre elas. Esse parâmetro (“um ano”) foi tão bem divulgado que muitos planos de saúde só permitem que seus usuários a realizem num intervalo de um ano e isso pode não ser adequado. Ao medico que conhece a mama de sua paciente cabe o direito de escolha quando repetir o exame.
O câncer de mama é uma doença do nosso tempo. Do tempo da industrialização. A vida envenenada de agrotóxicos, acidulantes, corantes, conservantes, irradiações etc. nos expõe a um risco. A mulher tem mais câncer de mama que os homens. A ausência de amamentação, baixo número de filhos, uso de hormônios, períodos de menstruação alargados, idade, são critérios importantes de risco. Entretanto mulheres que praticam exercícios físicos têm queda de retorno da doença em 30% e isso é extremante importante. Em vez de riscos devemos também pensar no diagnóstico precoce, parâmetro principal para obter a cura.
Esse é o parâmetro mais importante para obter uma cura. Mulheres que procuram regularmente seus médicos e fazem mamografias tem o diagnóstico precoce da doença e isso é importante para a cura. Todavia um tumor não é só um tumor, ele tem características individuais e reage de modo individualizado de pessoa para pessoa. Um mesmo tumor pode ter curso diferente em corpos diferentes. Hoje testes são feitos para escolher de modo adequado os critérios de prognóstico e tratamento, individualizando cada caso.
As atividades após uma cirurgia são determinadas em decorrência da cirurgia que uma mulher realizou. O melhor é discutir com seu médico. Mulheres submetidas a uma mastetcomia tem no pós-operatório cuidados especiais com seu dreno, dietas, etc. O ideal seria a reconstrução imediata e não sendo possível vai depender da recuperação da pele após a aplicação da radioterapia. Existem também muitas técnicas para reconstrução de uma mama. A escolha da melhor técnica vai ocorrer num casamento da imagem corporal produzida pela reconstrução, da disponibilidade de recursos e da qualificação do profissional que fará a cirurgia. Defendemos a reconstrução da mama, pois isso tem impacto na recuperação da mulher e em sua saúde global.
As atividades decorrentes após uma reconstrução são inerentes a escolha da técnica usada na cirurgia e isso deve ser discutido com o médico que a fez. Por vezes orientações individualizadas são necessárias. Como exemplo, mulheres que usaram o músculo do abdômen para a reconstrução ou utilizaram próteses tem orientações específicas.
Dr. Ricardo Keyson
(Mastologista)
O câncer de mama é o câncer mais frequente na mulher, excetuando o câncer de pele não melanoma. A mulher, em geral, tem um risco a cerca de 12% de ter um diagnostico de câncer de mama, durante toda a sua vida. Nos últimos anos, vemos com mais frequência casos de diagnóstico de câncer de mama em pessoas próximas a nós. Esse maior número de diagnóstico está relacionado ao maior acesso a consultas, exames diagnósticos e à informação. Mas ressaltamos que as técnicas de tratamento mudaram também para melhor e a chance de cura em estágios precoces é extremamente alta.
Hoje, o rastreio de câncer de mama se baseia em história clínica, exame clínico e de imagens da paciente. A mamografia, hoje, comparada a outros métodos diagnósticos, ainda é o melhor método de rastreio de câncer de mama e está indicada a partir dos 40 anos.
O câncer de mama hereditário corresponde a cerca de 10% de todos os cânceres mamários, mas apenas 1% desse total tem uma mutação conhecida. Então, os testes genéticos devem ser indicados em casos específicos de pacientes de risco como: pacientes com histórico familiar de câncer de mama em mais de um parente próximo, em pacientes com diagnóstico de câncer de mama em idades precoces, parentes de primeiro grau de portadores de mutação com associação positiva para câncer de mama e homens com câncer de mama (Sim, homens podem desenvolver câncer de mama). A presença de uma mutação que se associe a alto risco de câncer de mama implica a necessidade de exames clínico, físico e de imagem de modo sistemático com fim de permitir o diagnóstico precoce, caso ocorra o câncer. Ainda, alguns procedimentos cirúrgicos são indicados por diminuírem, mas não extinguirem, o risco de câncer de mama nestas pacientes, como a mastectomia redutora de risco que em casos selecionados, modificam o risco de 90% para 10%.
Não. No momento, não há trabalhos científicos demonstrando associação de risco entre uso de piercing e câncer de mama. Entretanto, usuárias de piercing têm maiores chances de desenvolver abscessos mamários. Para câncer de mama, os fatores de risco conhecidos que podemos modificar são: dieta rica em açúcar, sedentarismo, ingestão de álcool e obesidade.
Dr. Thiago Almendra
(Mastologista)
A dor mamária representa a principal queixa das pacientes nos consultórios de especialistas em mama. Na grande maioria das vezes, não está relacionada ao câncer. O câncer de mama pode apresentar dor, mas, nesses casos, a doença se manifesta com outros sinais ou sintomas que são mais característicos ou suspeitos, como um volumoso nódulo palpável, úlcera mamária, nódulo axilar avançado, ou até quando a doença estiver atingindo tecidos mais profundos. Portanto, a dor existe em alguns poucos casos, mais avançados, juntamente com outros sinais e sintomas. A dor isolada que aparece geralmente uma semana antes da menstruação tem causa hormonal e não representa câncer de mama ou risco de desenvolvê-lo.
Os cânceres não são todos iguais e, portanto, não têm comportamentos iguais. A biologia de cada câncer e a maneira como cada organismo reage ao desenvolvimento da doença são fatores que podem determinar o sucesso ou não do tratamento. Dessa forma, descobrir um câncer de mama precoce não é garantia absoluta de cura, já que muitos outros fatores podem estar envolvidos no processo. Contudo, a descoberta precoce, isoladamente, aumenta sobremaneira as chances de sucesso, que podem representar a cura e/ou a melhora da qualidade de vida da paciente.
As técnicas cirúrgicas têm avançado muito ultimamente. Hoje, os cirurgiões fazem cirurgias menores, menos agressivas, com pequenas cicatrizes e com resultados estéticos satisfatórios. Para as mulheres que serão submetidas a mastectomia (retirada de toda a mama), as indicações e as alternativas de reconstrução devem ser discutidas com os médicos responsáveis. O melhor momento para fazê-la vai depender de alguns fatores, como tipo de cirurgia e outros tratamentos subsequentes à cirurgia. No entanto, há uma tendência a indicar reconstrução imediata (no mesmo tempo cirúrgico da retirada da mama) ou o quanto antes, na maioria dos casos de mastectomia.
Uma das principais consequências tardias da cirurgia mamária radical é o linfedema. Com a evolução das técnicas cirúrgicas atuais, esta complicação tem se tornado cada vez mais rara. Quando indicado, o esvaziamento axilar (retirada dos linfonodos axilares) acaba por alterar as vias de drenagem do membro superior do mesmo lado da cirurgia. Dessa forma, qualquer agressão ou trauma sofrido pelo membro pode causar inchaço (edema) do mesmo, difícil de ser drenado pelas vias linfáticas alteradas. O edema então se acumula, causando desconforto, dor e dificuldade de movimentação do membro.
Dr. Lívio Portela (Mastologista)
O médico mastologista é o profissional habilitado em diagnosticar e tratar as doenças das glândulas mamárias. Então, a mulher deve procurá-lo sempre que estiver com algum sintoma (dor, desconforto, palpação de nodulações, saída de secreção, ferimento de pele) ou que algum exame de rotina mostrou alguma anormalidade, mesmo que ela não esteja sentindo nada.
O exame físico feito pelo mastologista, à mamografia e a ultrassonografia mamária. A ressonância nuclear magnética pode ajudar em alguns casos selecionados. E o exame que confirma o câncer é a biópsia.
No câncer inicial, ainda pequeno, dificilmente a mulher vai sentir algo. No câncer mais avançado, ela pode sentir uma nodulação endurecida, saída de secreção pelo mamilo, retração da pele e/ou mamilo, ferimento de pele e nodulação em axila.
Alguns trabalhos científicos realizados no inicio dos anos 2000 evidenciaram que a reposição hormonal poderia elevar a incidência de câncer de mama (elevação do risco relativo), principalmente com utilização prolongada e mais ainda com um tipo de medicação (estrogênios conjugados).
Temos a mastectomia (retirada de toda a glândula mamária) e as cirurgias conservadoras (retirada de uma parte da mama englobando o tumor). Nas modernas técnicas de Cirurgia oncoplástica, a mastectomia consegue preservar o máximo de pele, inclusive mamilo e aréola, e realiza-se reconstrução mamaria imediata com próteses de silicone associada ou não de retalhos da própria paciente. Além de que as cirurgias conservadoras são feitas com rotações de retalhos de forma que o resultado final seja esteticamente satisfatório, além da simetrização da mama oposta.
Atualmente, no câncer inicial, só precisamos retirar um ou poucos linfonodos, pelas técnicas de pesquisa de linfonodos sentinela. Somente na disseminação metastática mais importante em linfonodos axilares é que precisamos remover uma quantidade maior deles (Linfadenectomia Axilar).
Dr. Cláudio Rocha (Oncologista)
Dependendo do estágio da doença ao diagnóstico bem como outras características anatômicas e moleculares, a paciente com câncer de mama apresenta maior ou menor chance do retorno da doença, denominada de recidiva. Quando se fala que a doença voltou (recidiva) ou se disseminou para outros órgãos (metástases), o tratamento passa a ter objetivo de controle da doença ao invés da cura. Devido aos grandes avanços no conhecimento dos diversos tipos de câncer de mama e desenvolvimento de inúmeros tratamentos, hoje em dia é possível que a doença avançada se torne crônica e muitas mulheres vivem com câncer sob controle com qualidade de vida.
Sim. De acordo com estudos recentes, o uso de qualquer tipo de anticoncepcional hormonal (incluindo o DIU de progesterona) foi associado a 1,3 novos casos de câncer de mama para cada 10.000 mulheres ao ano, uma parcela pequena. Portanto, recomenda-se que as mulheres que fazem uso desse método contraceptivo não interrompam seu uso e que conversem com seus médicos, avaliando seus riscos e benefícios.
Não. De todos os casos de câncer de mama, apenas 10% das mulheres diagnosticadas tem a doença por causa hereditária. No caso acima, recomenda-se a investigação e aconselhamento genético bem como nas mulheres diagnosticadas abaixo dos 45 anos, àquelas com histórico de outros tumores em qualquer idade e/ou de casos de câncer na família, do lado materno e /ou paterno. O ideal é toda e qualquer paciente que se enquadre em um ou mais fatores seja investigada, especialmente para a pesquisa d a mutação nos genes BRCA-1 e BRCA-2. Caso estejam presentes, sugere-se a participação em programas de prevenção e rastreamento de acordo com protocolos específicos com o objetivo de diagnosticar a doença precocemente e impedir que ela apareça a partir de mudanças no estilo de vida.
Muitas mulheres que realizaram tratamento contra o câncer de mama relatam problemas de concentração, memória e fadiga. Esses efeitos não são exclusivos de quem realizou quimioterapia e podem durar de meses a anos, dependendo de cada caso. O uso de lembretes, prática regular de atividade física, alimentação saudável rica em vegetais e orientação médica costuma evitar e aliviar esse tipo de sintomas.
Dra. Vanessa Castelo Branco (Oncologista)
O estresse aumenta a liberação de cortisol no nosso organismo. E, níveis cronicamente elevados de cortisol, causam, entre outros problemas de saúde, redução da função do sistema imunológico. Se lembrarmos que o sistema imunológico ajuda a evitar e a combater o câncer, podemos dizer que todo estado que deprime a imunidade, assim como o estresse, contribui para a formação de cânceres.
Se estiver em quimioterapia, deve antes consultar seu oncologista a respeito, porque algumas vacinas (com microorganismos vivos) não poderão ser tomadas.
No caso de tumores de mama, há indicação de hormonioterapia para as mulheres com resultado de receptores para estrógeno e/ou progesterona positivos na imunohistoquímica.
No cenário de tratamento adjuvante, a radioterapia é indicada quando: for realizada cirurgia conservadora; ou tumor maior que 5 cm; ou presença de linfonodos comprometidos; ou margens cirúrgicas comprometidas.
Aline Freire (Nutricionista)
A alimentação deverá ser variada e equilibrada. Se sentir algum efeito colateral à quimioterapia deverá procurar orientação com o seu oncologista e nutricionista.
O açúcar não causa câncer. O problema de consumir excessivamente bebidas açucaradas e doces não é indicado porque esses alimentos são muito calóricos podendo levar a um ganho de peso. E a obesidade é causa de câncer.
Evite “alimentos” ultraprocessados. Os alimentos ultraprocessados são ricos em açúcares e gorduras; possuem alto teor de sódio; são ricos em gordura saturada, gordura hidrogenada e gorduras trans; são pobres em fibras, vitaminas e minerais e possuem muitos aditivos como, aromatizantes, corantes, espessantes, conservantes, acidulantes dentre outros. Os tipos de alimentos ultraprocessados são: salsichas, calabresas, presuntos, bolachas, macarrão instantâneo, refrigerantes, sucos de caixinha, achocolatados, iogurtes, massas para bolos, salgadinhos de pacote e vários outros produtos industrializados.
Não necessariamente. A não ser que você não tenha bons hábitos alimentares. Temos que fazer sempre boas escolhas alimentares optando por um maior consumo de frutas e verduras, alimentos integrais e naturais.
Evite o consumo de bebidas alcoólicas; pratique atividade física regularmente; mantenha um peso adequado; faça uma alimentação variada e equilibrada. Se estas medidas forem postas em prática estima-se que cerca de 30% dos casos de câncer de mama possam ser evitados.
Barbosa O. Gomes (Psicólogo Clínico)
A primeira coisa a fazer é aprender o autocontrole emocional, depois a compreensão adequada do câncer e do tratamento para uma melhor adesão. Em seguida, buscar aprender a meditar e a evocar relaxamento poderão ser auxiliares poderosos para atenuar até mesmo as reações naturais do corpo ao estresse e alguns outros sintomas associados ao câncer e seu tratamento, como as náuseas, as dores de cabeça e a combater a tendência à tristeza e ao desânimo. Ao mesmo tempo, é importante uma conversa franca com o seu mastologista para saber o que está ao seu alcance. Geralmente, se pode contar com uma equipe de profissionais como fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos prontos para lhe orientar em tudo que tiver relacionado ao seu tratamento. Ter uma boa base de informações lhe trará mais calma e capacidade de resolução de problemas. É importante um psicólogo na área de oncologia, pois ele lhe proporá apoio psicossocial e psicoterapêutico diante do impacto do diagnóstico e de suas consequências, e mesmo durante o tratamento, mostrando a possibilidade de auxílio para melhor enfrentamento e qualidade de vida enquanto estiver doente e também de buscar o apoio afetivo de amigos e familiares.
É natural que você se sinta insegura, afinal, é um momento delicado e ao mesmo tempo você pode estar considerando o quão ele é perigoso também. O que pode alterar o seu senso de autoestima para baixo, pois sentirá que o controle está além de você, pois tais efeitos virão em consequência do medicamento utilizado na quimioterapia. Assim, os níveis de stress podem aumentar e carrear dificuldades até para o êxito do tratamento. Mantenha-se, de alguma forma, ativa com as coisas que ainda estão em curso na sua vida. É importante cuidar em ir-se preparando aos poucos para algumas mudanças que ocorrerão. Pode ser que você queira partir para assumir o controle e queira saber o que fazer para ajudar a melhorar sua saúde e apoiar o tratamento. Por isso, é importante que você possa dispor de um serviço de atendimento psicológico. Entenda que o apoio que você precisará também estará nas suas relações afetivas com familiares e amigos próximos. Como disse H. Hill, nós, profissionais que trabalhamos com o câncer, “acreditamos, em um nível mágico do subconsciente – lá dentro do íntimo -, que temos um acordo com os deuses. ”
É bom que você saiba que as origens do câncer estão sendo pesquisadas há muito tempo, e muitos estudos publicados no mundo inteiro não são definitivos e tudo o que se sabe até agora é que o câncer é uma doença multifatorial. Embora se acredite que cerca de um terço de todos os tipos de câncer é, em parte, resultados de más dietas, a influência de fatores do ambiente e do estilo de vida na ocorrência do câncer ainda são muito complicados de definir. Portanto, não há ainda como provar o que, exclusivamente, é causa do câncer. Quanto ao “castigo”, provavelmente está relacionado ao seu modo de viver a sua crença religiosa ou sua cultura. Conquanto a bíblia – se você for católica – não se refira especificamente ao câncer, o castigo também aqui é difícil de comprovar, porque sabemos que ele é introduzido em sua mente como uma forma primitiva de relacionar as doenças a um comportamento de afastamento. Entretanto, tanto os crentes quanto os descrentes desenvolvem câncer e outras doenças, não é mesmo?
É bem comprovado que não é possível saber o que as outras pessoas pensam sem que elas nos falem. Muitas vezes ocorre de achar que sabemos. E para evitar sentir-se constrangidas, muitas pacientes passam a reduzir suas saídas de casa, e muitas vezes um dos motivos mais frequentes é “o olhar dos outros”. Certa vez, uma paciente me disse, logo que os cabelos começaram a cair: – “… lógico que nós, mulheres, nos sentimos mais para baixo sem a nossa linda cabeleira”. O que posso dizer, e eu espero que possa ajudar, é que os sentimentos das pessoas são determinados pelo que elas pensam. E você também pensa, então pode se dizer que, se você pensa de uma determinada forma, por exemplo: – “Que ruim estar careca”, ou: – “É triste estar sem cabelo”, você se sentirá da mesma forma, isto é, triste, “para baixo”. Então, a nossa sugestão é que você avalie se deixar de fazer algo que lhe faz bem apenas porque alguém pode estar olhando e pensando sabe-se lá o quê de você, é benéfico à sua saúde. Estar ao ar livre e frequentar espaços sociais são hábitos saudáveis importantes para manter o bem-estar e favorecer uma recuperação mais rápida. Por outro lado, as pessoas poderão perceber a sua coragem e as mudanças que ocorrerão em você. As mulheres, em geral, dizem que o cabelo volta, e que “quando recomeça a nascer vem com tudo!” Na verdade, é só uma fase e logo vai passar. Não prive as pessoas que você ama de sua presença. Mantenha o quanto puder seus hábitos saudáveis, e faça o que lhe faz sentir-se bem sem importar-se tanto com os outros.
Após o primeiro câncer, você pode sentir que a forma de ver o seu corpo mudou definitivamente. De alguma forma, você sentirá menos confiança, e se sentirá mais vulnerável em todos os sentidos, e de alguma forma, até menos controle. Se tentarmos ensinar que, se fizer tudo certo, como dieta, exercícios, gerenciamento do estresse, relações pessoais, etc. você obterá a melhor saúde e até longevidade, você perceberá logo que nada disso é verdade. Porque muitos sérios problemas de saúde, além de outros eventos da vida, não estão sob nosso controle. De qualquer modo, a sugestão é que você procure um psicólogo para esta orientação, bem como uma nutricionista que lide com ideias sobre qualidade de vida através dos alimentos. Como já afirmei antes, repito aqui que a prática da meditação e buscar formas de vida que proporcionem mais relaxamento, prazer e sensação de estar sendo útil, serão de grande e poderoso auxílio. A vida segue inexoravelmente, e muitas vezes fazer planos pode até bloquear o fluxo natural dela. Então, eu sugiro que uma pessoa não precisa alimentar grandes sonhos, mas cuidar das pequenas coisas significativas ao seu redor, àquelas que estão próximas de você.
Laís Arilo (Psicóloga clínica e hospitalar)
O Câncer é uma doença repleta de estigmas e muitas vezes o próprio paciente encara o adoecimento como um momento de esquiva da vida social e das relações afetivas, sejam elas
familiares ou amorosas. O medo de que as pessoas ao seu redor não entendam o que está passando, tende a favorecer esse afastamento. O ideal é que pacientes com câncer enfrentem o adoecimento como um momento que requer adaptações. Dessa forma, cabe ao paciente escolher quem quer ter por perto durante o período de tratamento, pois o apoio social e familiar pode favorecer um melhor enfrentamento da doença. Um psicólogo pode ajudá-la a traçar estratégias de adaptação, bem como poderá favorecer a compreensão das dificuldades
que favorecem esse afastamento.
O medo costuma acompanhar a mulher com câncer de mama durante todo o tratamento. As dúvidas e incertezas relacionadas à doença podem ser sanadas com informação. A informação é uma aliada no tratamento de qualquer doença. Falar abertamente com seu médico pode ajudar a esclarecer questionamentos como esse e alivia sua ansiedade. Após o tratamento do câncer de mama a mulher pode engravidar, mas é importante que tome decisões conscientes e de acordo com as orientações do médico que a acompanha.
Dentre os aspectos psicológicos envolvidos no adoecimento por câncer de mama destacam-se as mudanças na autoimagem. Tais mudanças tendem a trazer significativo sofrimento psíquico para a paciente com câncer. Buscar apoio psicológico é indispensável durante todo o tratamento, pois através do suporte de um profissional a mulher poderá desenvolver estratégias de enfrentamento e adaptação às mudanças na imagem, bem como potencializar sua autoestima.
Sintomas ansiosos costumam acompanhar as mulheres desde o período do diagnóstico, bem como durante todo o tratamento. As incertezas do processo de adoecimento favorecem o
surgimento de tais sintomas. Porém, a psicoterapia pode favorecer a diminuição da ansiedade e consequentemente proporcionar bem estar e estratégias positivas que auxiliam no enfrentamento da doença.
Após o tratamento, o retorno ao trabalho deve ser gradual e acordado com o médico. Você enfrentou uma série de mudanças no seu estilo de vida e como o próprio tratamento exigiu de você adaptações, voltar às atividades que foram interrompidas também requer cuidado e atenção. Para algumas mulheres, retomar o trabalho pode até favorecer uma melhora emocional, mas isso depende que cada pessoa. Se você está com dificuldade nesse aspecto, o ideal é procurar ajuda psicológica. O psicólogo é o profissional capacitado para auxiliar nesse processo de retomada das atividades antes interrompidas.
Adriana Napoleão (Educadora Física)
Pode sim, sendo necessária a liberação do médico oncologista. O câncer de mama é o tumor de maior frequência na população feminina e o exercício físico após o diagnóstico de câncer está fortemente correlacionado com melhoria da qualidade de vida e aumento da sobrevida. A paciente que realiza exercício físico durante e pós-tratamento, consegue voltar às atividades diárias rapidamente, diminui a sensação de fadiga e cansaço, mantêm suas capacidades físicas e funcionais e pode reduzir os riscos de recorrência da doença.
Durante o tratamento, 70% das mulheres apresentam fadiga e esse tipo de cansaço não melhora com o repouso, limitando suas atividades do cotidiano. Essa inatividade leva a perda da massa muscular e consequentemente da função. Um programa de exercícios físicos pode melhorar este quadro.
O programa de exercício físico deve incluir o trabalho de força, capacidade aeróbica e flexibilidade, com a realização de um aquecimento antes de iniciar as atividades e alongamento e relaxamento no final, trabalhando a respiração profunda para aumentar a movimentação do tórax, ajudar no relaxamento e na redução de tensões.
O programa de exercício físico para pacientes oncológicas deve ser seguro, eficaz e agradável para a paciente, levando em consideração o tipo e estadiamento da doença; o tipo de tratamento, o nível de condicionamento físico e a liberação do médico Oncologista. Nas situações de infecção, febre e dor aguda, deve-se evitar o exercício físico, obedecendo sempre a liberação médica.
O exercício físico deve ser iniciado devagar, aumentando o ritmo de maneira lenta e respeitando os limites individuais. É importante monitorar a frequência cardíaca, o cansaço e a respiração e ao sinal de falta de ar e cansaço, o exercício físico deve ser interrompido, sendo necessário um período de descanso para retomar as atividades.
Recomenda-se que toda paciente em tratamento para o câncer de mama mantenha hábitos de vida saudáveis, incluindo a prática de atividade física que é fundamental, tanto para a preservação da massa óssea e da massa muscular, quanto para a redução do risco de recidiva do câncer.
Após a liberação do médico e avaliação do profissional de educação física, os exercícios mais indicados são aqueles que estimulam a produção de células ósseas, incluindo exercícios que oferecem força compressiva nos ossos como os treinos aeróbicos e de fortalecimento, destacando-se a caminhada, musculação e treinos funcionais.
Neyde Oliveira (Fisioterapeuta)
Essa dormência e formigamento que você relata, refere-se à neuropatia periférica, ela é induzida pela quimioterapia. A fisioterapia tem papel fundamental no tratamento de pacientes pós-mastectomia, procurando sempre atender as necessidades e limitações especificas de cada paciente prevenindo assim possíveis sequelas. Posso citar dentre os tratamentos fisioterapêuticos para neuropatia periférica: A massagem, acupuntura, técnicas de dessensibilização tátil e sensorial, eletroestimulação nervosa, dentre outros. Esses sintomas relatados por você podem durar meses ou anos para desaparecer.
Essa técnica é chamada de micropigmentação, pois o pigmento é introduzido na epiderme que é a camada mais superficial da pele, já na tatuagem o pigmento é depositado na camada subsequente chamada derme.
A micropigmentação tem duração média de 2 anos, o resultado é bem natural. A vantagem é que não se trata de um procedimento cirúrgico, além de possibilitar a recomposição da anatomia, e por consequência a recuperação da autoestima e feminilidade melhorando assim a qualidade de vida das pacientes mastectomizadas.
A micropigmentação deve ser realizada apenas quando o tratamento da doença estiver finalizado, a melhor época para realização da técnica será decidida pelo seu médico.
A fisioterapia trabalha na prevenção e tratamento do linfedema. Dentre as terapias indicadas está o tratamento físico complexo (TFC), que incluem: A drenagem linfática, bandagens elásticas, exercícios miolinfocinéticos, uso de braçadeiras elásticas. Na preventiva trabalhamos com orientações para as pacientes, como cuidados com a pele, em conjunto como evitar: Dormir em cima do braço, aferir pressão arterial no braço homolateral à cirurgia, vestimentas apertadas, retirada de cutículas, exercício físico em excesso, sol e calor.
A fisioterapia pode tratar e controlar o linfedema, impedindo a sua evolução, proporcionando assim uma melhor qualidade de vida ao paciente. Sendo de grande importância a drenagem linfática manual como uma das formas de prevenção.